segunda-feira, 28 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

Epifania da tradição popular

Romaria do Senhor de Matosinhos

A Festa do Senhor de Matosinhos é um momento alto entre as romarias do concelho e do norte do país, tendo adquirido novas dinâmicas com as notáveis acessibilidades com que Matosinhos foi dotado. Decorre durante os meses de Maio e Junho, prolongando-se por quase três semanas de festividades religiosas e actividades lúdicas, culturais e desportivas. Milhares de lâmpadas iluminam o espaço da festa e a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, cujos altares são artisticamente decorados com lindíssimas flores. No templo, obra de Nasoni, rezam-se sermões e missas, de festa e solenes, e sai uma grandiosa procissão ao Senhor do Padrão. Bandas de música animam as ruas e os tradicionais coretos, expõe-se artesanato, rememoram-se lendas e tradições, mostra-se o Inventário do Património Arquitectónico e Religioso de Matosinhos ou, em jeito de festival, divulgam-se os receituários gastronómicos de peixes e de mariscos. Entre o fogo de bonecos, na terça feira à tarde e o esplendoroso fogo de artifício de sábado à noite, há matraquilhos, carrosséis e carrinhos de choque, farturas, sardinhas assadas e caldo verde ou, forma suprema de ir à festa, comprar louça tradicional nas barraquinhas da Feira da Louça.


Programa

terça-feira, 11 de maio de 2010

António Aleixo - aluno da "escola impiedosa da vida"

Enquanto o homem pensar
que vale mais que outro homem,
são como os cães a ladrar,
não deixam comer, nem comem

Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.



Uma mosca sem valor
Poisa, c'o a mesma alegria,
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.

Quando os Homens se convençam
Que à força nada se faz,
Serão f’lizes os que pensam
Num mundo de amor e paz.

Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os Homens são no fundo.

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António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949) foi um poeta popular português, famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos. É recordado por ter sido simples, humilde e semianalfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX. Tecelão, servente de pedreiro (enquanto emigrante em França), guarda de polícia, com uma vida recheada de pobreza, homem humilde, mas vincado de personalidade e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. De regresso Em Loulé, vende cautelas canta as suas produções pelas feiras portuguesas, actividades que lhe renderam a alcunha de "poeta-cauteleiro".

António Aleixo tinha por motivos de inspiração desde as brincadeiras dirigidas aos amigos até à crítica sofrida das injustiças da vida. É notável na sua poesia a expressão concisa e original de uma "amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida".