Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
O poema é uma condenação firme do racismo. Após uma análise química que o poeta faz à lágrima, o resultado revela que a lágrima da mulher negra tem uma constituição igual à de uma pessoa branca, amarela, azul ou vermelha, isto é, contém água e cloreto de sódio. Conclui-se, então, que as pessoas são todas iguais, independentemente da sua cor de pele, facto atestado pela inexistência de diferenças entre a composição química daquela lágrima e a das lágrimas de pessoas de outras cores e raças. António Gedeão solta, assim, o seu grito contra o racismo, demonstrando a estupidez e a falsidade que estão na base dos preconceitos através de uma experiência científica. No entanto, apesar desta demonstração, o racismo continua a imperar no mundo em que vivemos.
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