sábado, 19 de dezembro de 2009

Natal de quê? De quem?

O Natal, pelo mistério e magia que encerra, pela promessa da renovação da vida que contém, é tema de 8 séculos de poesia na Literatura Portuguesa. Após selecção de poemas de autores portugueses, elaborámos um texto que não é senão um pretexto para, a par da expressão da nossa satisfação e prazer face ao nascimento de O Menino, ser, também, uma reflexão sobre a profunda desumanização do mundo de hoje, onde a ausência de valores da mensagem cristã é cada vez mais sentida.

Encontrar “um rosto de esperança” é o nosso objectivo e desejo para 2010.



Durante o jantar de Natal todos os presentes tiveram um papel activo...

(Cantar… “Em Belém à meia-noite, meia-noite de Natal…”)

Cristiana
Era noite, noite fria,
Foram pedindo pousada
E ninguém os acolhia.

Daniela
Entraram numa cabana
Já meia-noite seria.
Foi S. José buscar lume
Ficou rezando Maria.

Joana
Quando S. José voltou
Já o Menino Deus jazia
Numas palhinhas deitado,

Cristiana
Naquela noite tão fria...
O menino chorava,
Com o frio que fazia.

Daniela
A Virgem ao peito
O foi aconchegar.
E logo o Menino
Parou de chorar!

(Cantar… “Nasceu Jesus pequenino, maravilha sem igual…”)

Prof. Valquíria
Mas, lá na Judeia, um rei,
o malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Prof. João
Herodes dizia….

Gritam, mijam, cheiram a leite
azedo. Andam por aí
pelos colos das mães, montados
em burros poeirentos. E há um
que aqueles pretos dizem que há-de um dia
sentar no meu coxim o cu borrado.
Não sabem nada, uns e outros,
soltam vagidos que ninguém entende.
Dou-lhes na mona a uns
e os outros que passeiem.

Prof. Valquíria
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Idália
E nasceu…
Ana Moreira
Loiro, gordinho rosado, nasce o menino Jesus.
Seu vestido era de prata, sua faixa era de luz,
Sabem quem era o menino?

Era o Menino Jesus.

Joana
E nasceu…É dia de Natal
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.

Cristiana
Chove, neva, faz frio…

Marisa
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Prof. Marta
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda, uma festa. Palavras a saltarem.
Era um sopro. Era um salmo.
Todo o tempo num só tempo.
Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia.
Natal, Natal (diziam). E acontecia.
E era Dezembro que floria.

Pedro
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada

Prof. Rita
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças

Pedro
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata

Prof. Rita
É dia de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

Pedro
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa ontem bombardeada

Prof. Rita
È dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
De perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem!
Comove tanta fraternidade universal!
(Cantar… “Acabem-se as guerras, não haja mais mal, que o Homem entenda que hoje é Natal….”)

Fábio
As mesas de jantar na cidade e na aldeia,
À luz das velas, ou à luz duma candeia,
Entre risadas de crianças e cristais
Dois milhões de almas e outros tantos corações,
Pondo de parte ódios, torturas, aflições,
Que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:
São todas em redor de uma toalha de linho!

Idália
Em cada lar sinais de festa
Luís
É só abrir o rádio
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Nas lojas, na luxúria das montras cintilam as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento e compra - (todos) louvado seja! - o que nunca tinha pensado comprar.

Ana Moreira
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cristiana
Cada menino
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Daniela
Ah!!!!!!!!!!
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Joana
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
Hoje é dia de Natal.

Prof. Ângela
Mas o Menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.

Prof. Sílvia
Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.

Prof. Ângela
Pobre Menino Jesus,
Faz anos e está despido.

Prof. Sílvia
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.

Prof. Ângela
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

Prof. Sílvia
Os reis de longe lhe trazem
Tesouro, incenso e mirra.

Prof. Ângela
Se me dessem tais presentes
Eu cá fazia uma birra.

(Cantar… É Natal, é Natal, vamos sem demora, adorar o Deus Menino que nasceu agora…)

Idália
Hoje é dia de Natal.

Pedro
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?

Ana Maria
Menino Jesus
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
Esta pobre gente
Que mal é que fez?
Nós somos, talvez,
Um povo «inocente».

D. Laura
Eu hei-de dar ao Deus Menino
Uma fitinha para o chapéu
E ele também me há-de dar
Uma lugarzinho no céu.

Paula
É noite de Natal
Como a família é verdade!
Ficou vazio um lugar
E, desde então, o silêncio tem o peso da Terra.
Ninguém regressa de tão longe!
Mas, nesta noite, todos estão eternizados na luz das estrelas, nas orações, nas lembranças,
nos sorrisos de todas as crianças.

(Cantar – Emília – “Natal, Natal das crianças…Natal, Natal de Jesus…”)

Diana
E aconteceu, é verdade…
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Hoje vive comigo.
A mim ensinou-me tudo.
Ele mora comigo na minha casa,
Ele é o deus que faltava.
É o humano que é natural,
É o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei, com toda a certeza,
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
Habita onde vivo
Vivemos juntos os dois
E ensina-me
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena

Prof. Rita
Vale a pena hoje ser dia de Natal, Natal de Jesus. Ele, lá continua …despido, deitado nas palhas. Nós, cá estamos…vestidos de tudo. Vestidos e tremendo de frio. A roupa que o Menino nos deu não aquece o nosso corpo? Ou somos nós que não nos deixamos aquecer?

Que todos sintamos, nesta noite de Natal, o conforto da roupa que Jesus nos ofereceu. Tenhamos a coragem de despir a nossa – colorida, brilhante, o último modelo – e vistamos a que, humildemente, nos foi oferecida. Agora sim, sintamos o calor do Amor Universal, da Compreensão, da Aceitação, da Partilha, da União. Como nos sentimos? Quentes? Parte de um todo que é nosso e de todos? Então estamos prontos. Comecemos, “porque hoje e sempre, é sempre Natal”

Prof. Euridíce
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.


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